ENTENDIMENTO
BÍBLICO SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE
Geralmente
são mencionadas 14 passagens Bíblicas na discussão sobre a homossexualidade:
- Gênesis
1:27-28 e 2:18-25;
- Gênesis
19;
- Levítico
18:22 e 20:13;
- Deuteronômio
23:17;
- 1Reis
14:24; 15:12; 22:47; 2Reis 23:7;
- Romanos
1:18-32;
- 1Coríntios
6:9-11;
- Efésios
5:33;
- 1 Timóteo 1:10.
Algo muito importante nesta
discussão:
Não
há registro na Bíblia Sagrada de que Jesus ou qualquer um dos profetas do
Antigo Testamento tenham feito qualquer referência às pessoas LGBTQI+.
Gênesis 1 e 2:
- Gênesis
1 (relato posterior)→ descreve o objetivo da união entre Adão e Eva como sendo
a multiplicação e o domínio sobre a terra;
- Gênesis
2 (relato mais antigo)→ descreve a relação entre Adão e Eva no sentido de
destinar-se ao companheirismo total.
No Antigo Testamento a procriação era A DIRETRIZ PRIMÁRIA, o mandamento primário. A primeira diretriz era: “Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra”. A não procriação prejudicava a humanidade, a economia, a família, a herança de terras etc. Se você fosse gay, ainda assim seria obrigado a procriar. Tão importante era a procriação que, se seu irmão morresse sem herdeiros, era seu dever fazer sexo com a esposa dele para dar um herdeiro ao seu irmão... e esse era seu dever, mesmo que você tivesse uma esposa, você deveria cumprir isso. Mais uma vez, a procriação era uma necessidade moral, social, familiar e financeira. Então, naquela época, concubinas e/ou ter várias esposas era considerado apropriado e aceitável devido ao mandamento primordial sobre a procriação.
Gênesis 19:
- V.4
– A reação das pessoas daquela cidade revela um dos motivos pelos quais todas foram
exterminadas: a falta de hospitalidade, em especial, no que atine aos mensageiros
de Deus. Por isso, Jesus usa o exemplo de Sodoma para proferir condenação sobre
as cidades impenitentes que não receberam bem a sua pregação – leia: Mateus
11:20-24. A hospitalidade era tão importante que, de acordo com a lei mosaica,
todos os judeus deveriam praticá-la – leia: Êxodo 22:21.
- V.5-8
– Traga-os para fora a fim de que os conheçamos – trata-se de um estupro em
massa de dois homens, que seria cometido por um grupo de homens, algo que é
condenado por toda e qualquer religião e por todo e qualquer código moral de
que se tem conhecimento.
- V.5
– O termo ‘conhecer’ é empregado por várias vezes no Antigo Testamento
referindo-se ao ato sexual. Por isso, Ló oferece suas duas filhas para serem
abusadas sexualmente no lugar dos anjos. (V.8). para que os conheçamos – esta
frase se refere ao estupro coletivo que os homens daquela cidade queriam fazer
com os hospedes de Ló, possivelmente por meio do coito anal. É importante
entendermos que nenhuma forma específica de atividade sexual é única de uma
orientação sexual, seja ela heterossexual ou homossexual – casais fazem sexo
anal, vaginal, oral, por meio de toques, masturbação, manipulação do parceiro(a)
e beijos, independentemente da orientação sexual. Assim sendo, a narrativa
bíblica não imprime um estigma sobre um grupo específico de pessoas, mas revela
como Deus se comporta diante de pecadores impenitentes que não recebem sua
palavra, sejam eles heterossexuais ou homossexuais.
Gênesis 19:
- V.8
– O fato de Ló oferecer suas duas filhas para serem estupradas reflete o
caráter machista das sociedades antigas, em que as mulheres eram consideradas
uma subcultura.
- V.9
– ele é estrangeiro – evidencia o porquê de quererem maltratar os hospedes de
Ló: eram estrangeiros, assim como Ló o era também.
Levítico 18:22 e 20:13:
- Para
os hebreus, o homem era a imagem e semelhança direta de Deus (Gênesis 1:27), mas
a mulher era considerada propriedade do homem (Êxodo 20:17). Então, deitar-se
com um homem, como se ele fosse mulher, significava reduzir a imagem de Deus a
uma propriedade (mulher) que deveria ser dominada. Isso era algo comum nas
práticas idólatras que não reconheciam a soberania do Deus dos hebreus. Ou seja,
a condenação aqui está atrelada a uma questão litúrgica em que Deus proíbe o seu
povo de cultuá-lo como haviam aprendido a cultuar os deuses pagãos na terra do
Egito;
- Esses
textos não se referem à homossexualidade, mas a um comportamento sexual proibido
entre os homens que viviam um casamento heterossexual ( por isso o uso do termo
varão – 18:22 (versão bíblica: Almeida Revista e Corrigida), indicando um indivíduo
casado).
- Por
esse prisma, há uma preservação divina do matrimônio, e não uma condenação à homossexualidade,
transexualidade ou travestilidade.
- Outro aspecto importante diz respeito ao cumprimento da primeira diretrez divina: "multipliquem-se e encham a terra". Os hebreus consideravam que o homem carregava consigo as sementes da vida. Assim, o ato sexual deveria exclusivamente cumprir seu propósito; a saber, a reprodução.
Deuteronômio 23:17:
- Tanto
na cultura dos egípcios como na cultura dos cananeus eram comuns os cultos aos deuses
da fertilidade. Nestes cultos as pessoas, além de apresentarem ofertas de
alimentos e sacrifícios de animais, também cultuavam com o corpo, em referência
à procriação humana. Nos rituais, crianças e adultos se envolviam em orgias
sexuais.
- Nos
templos pagãos, era comum a presença das prostitutas do templo. Ademais, a
palavra “Abominação (tôebhah)” está relacionada, em especial, à práticas
idólatras associadas ao ato sexual.
1Reis 14:24; 15:12; 22:47; 2Reis
23:7:
- Relatos
sobre a instalação e abolição da prostituição no templo em diversas épocas
durante o período da monarquia.
- Estes
textos não fazem referência alguma à homossexualidade, transexualidade, ou
travestilidade.
Romanos 1:18-32:
- O
texto se refere novamente ao sexo atrelado a ações idólatras;
- O
texto condena o abandono da orientação sexual;
- Na
época não havia uma concepção formada sobre opção sexual, condição sexual ou
orientação sexual;
- O
contexto não se refere à relações homoafetivas, pautadas em amor, cumplicidade,
fidelidade e santidade.
1Coríntios 6:10:
- Os
termos “Efeminados” e “Sodomitas” são empregados em algumas versões bíblicas, tendenciosamente,
para corresponder às palavras gregas “Malakoi” e “Arsenokoitai”, que
significam, respectivamente, em uma tradução pura e coerente com as Escrituras
Sagradas: “Imorais” e “Pervertidos”. Ou seja, o texto de 1Coríntios 6:10 não se
refere a homossexuais, mas a todos aqueles que são sexualmente imorais e pervertidos.
- Inclui-se
no grupo dos pervertidos todos aqueles que violentam sexualmente outra pessoa
(pederastas, pedófilos, estupradores).
- No
grupo dos sexualmente imorais, estão os (as) depravados (as), promíscuos (as) e
prostitutos (as).
Efésios 5:33:
- Refere-se
à afirmação da relação entre Cristo e seu corpo, a Igreja, e a relação entre
marido e mulher;
- Se
este texto estivesse se referindo à relação homem-mulher como a única possível
para os cristãos, a consequência seria que o celibato igualmente é pecaminoso.
Algo que o próprio Apóstolo Paulo ensinou – 1Coríntios 7:8.
1 Coríntios 6:9-10 e 1 Timóteo 1:10:
O grego que aparece nestas passagens, que se traduz geralmente como “homossexual” é arsenokoites (1 Coríntios também inclui a palavra grega malakos). Traduzindo estas palavras como “homossexual”, um termo que não existiu até o final do século dezenove, levou muitos a conclusão de que os homossexuais não herdarão o reino de Deus. Mas arsenokoites e malakos não se referem ao que hoje chamamos de uma relação íntima homossexual.
Malakos significa literalmente “suave”, um termo que se utiliza na literatura antiga para fazer referência a “crianças afeminadas”. Também poderia ser uma referência a uma relação de pederastia, onde um homem assume a posição passiva de uma mulher ou a “suave”.
Nunca devemos nos esquecer que Paulo está escrevendo no contexto social greco-romano. Fazemos injustiça à Bíblia quando lemos as Escrituras com uma compreensão moderna da intimidade sexual comparada ao ethos cultural existente em seu próprio tempo. No mundo grego antigo, a pederastia — uma relação sexual entre adultos e crianças — era muitas vezes comum e praticada extensivamente como um tipo de ritual de iniciação masculina. Os costumes sexuais gregos influenciaram a cultura romana, com a ressalva de que as relações entre o mesmo sexo entre os romanos em geral se davam entre um amo e seu escravo. É a este mundo greco-romano que Paulo escreve suas cartas.
Arsenokoites é mais difícil de traduzir porque o termo parece ter sido cunhado por Paulo, não aparece em outras literaturas antigas nem é utilizado por autores posteriores. Arsenokoites denota o papel passivo adotado pela prostituição masculina. Se levamos em consideração que havia mais de mil prostitutas e prostitutos que trabalhavam em Corinto no templo de Afrodite e que a prostituição masculina se praticava amplamente na Grécia, 1 Coríntios e 1 Timóteo poderiam estar se referindo a estes prostitutos, concretamente os prostitutos masculinos que ainda eram crianças?
O que estas passagens bíblicas condenam, portanto, é a pedofilia e a prostituição masculina (comparada à prostituição feminina que parece ser dada como óbvia), não uma relação de amor entre homens.
OS TEXTOS BÍBLICOS NÃO TRATAM SOBRE
HOMOSSEXUALIDADE, MAS SIM, SOBRE COMPORTAMENTOS SEXUAIS ADÚLTEROS, INCESTUOSOS,
IMORAIS (DEPRAVADOS, PROSTITUTOS), PERVERTIDOS (PEDÓFILOS E ESTUPRADORES) IDÓLATRAS
(PROSTITUTOS CULTUAIS), QUER SEJAM COMETIDOS POR HETEROSSEXUAIS, OU POR PESSOAS
LGBTQ+.
Texto: Reverendo Marvel Souza
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