Tuesday, October 16, 2018

Evangélicos e a Ditadura - onde eles estavam?

"Muitas congregações perseguiram fiéis considerados "subversivos" e fecharam os olhos para as atrocidades do regime militar".

Estamos passando por um momento de muita tensão na política brasileira - dois candidatos disputam no segundo turno a presidência da república. Um deles, chamado Jair Bolsonaro tem causado polêmica por ter construído sua carreira política baseada em discursos homofóbicos, racistas, classistas, belicistas e contra os direitos dos trabalhadores. Ademais, em algumas de suas declarações ele diz apoiar a tortura e a volta do regime militar no Brasil (clique no link e vejo o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ghCP4r-hzYI&t=9s ) . O curioso neste contexto, é o apoio, quase que em massa, de religiosos evangélicos.

Alguns líderes evangélicos declararam apoio a este candidato, usando como referência passagens do Antigo Testamento, para justificarem o discurso favorável à pena de morte e o armamento da população. Religiosos postaram fotos nas mídias sociais simulando com as mãos uma arma, e desconsideraram o fato do candidato, em um do seus comícios, colocar uma criança no colo e a fazer simular uma arma com as mãos (Esta é uma das marcas da sua campanha política). 

Isso tem feito com que muitos questionem o posicionamento dos cristãos evangélicos neste processo eleitoral. Mas não é de espantar, porque a história registra que na época da ditadura militar, as igrejas protestantes evangélicas apoiaram o regime e contribuíram, entregando possíveis subversivos para os militares. E foram omissas quanto à ações de protesto contra a perseguição, tortura e extermínios durante a ditadura.

As igrejas evangélicas e a ditadura

"Muitas congregações perseguiram fiéis considerados "subversivos" e fecharam os olhos para as atrocidades do regime militar.

Houve muito alvoroço na mídia com a divulgação de um memorando secreto da CIA que registra o fato de o ditador Ernesto Geisel não só ter conhecimento, mas autorizar a execução sumária de opositores do regime.

Muitos comentários mostraram assombro com a forma fria e crua com que se planejava os assassinatos. Quem se assombrou não deve se lembrar que, em 2014, o resultado de dois anos e meio de trabalho da Comissão Nacional da Verdade foi apresentado num relatório de 3.338 páginas. Nele está a apuração destas ações e de muitas outras, que mostram as atrocidades cometidas pelo regime.

A comissão mostrou que a violação de direitos nos 21 anos de ditadura (prisões arbitrárias, sequestros, tortura em alto grau, desaparecimentos forçados, assassinatos) não foi abuso de poder ou excesso dos ditadores, mas ações coordenadas com a participação plena dos ditadores de plantão.

O trabalho mostrou ainda que as execuções não alcançaram apenas opositores ativistas e grupos políticos, mas gente que apenas opinou ou protestou e foi classificada como “subversiva”: professores, jornalistas, operários, agricultores, estudantes, religiosos, cidadãos estrangeiros e até militares que ousaram questionar o regime. Destes, 56% tinham menos de 30 anos.

Geisel frequentava a Igreja Evangélica de Confissão Luterana. O fato de um evangélico ter ocupado o Palácio do Planalto foi celebrado por lideranças das várias igrejas.  Exemplo é a publicação do jornal oficial da Igreja Presbiteriana, o Brasil Presbiteriano, de março-abril de 1974, que reproduziu parte de um boletim da Igreja Presbiteriana Nacional de Brasília: “Um homem probo, honesto, operoso e capaz, deixa o poder e assume o seu lugar outro homem público, com folha de serviço relevante e personalidade definida e, sobretudo isso, um crente evangélico.[...] Nossas orações a Deus para que seu governo seja uma benção para todos os brasileiros de todas as crenças. Adeus Presidente Médici - Benvindo Irmão Geisel”.

Um crente evangélico que construiu uma imagem de conciliador, mas que, antes de morrer em 1996, declarou aprovar a tortura em depoimento ao Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas. E agora, em memorando contundente, revela-se mandante de assassinatos.

O Volume II do relatório da comissão deixa claro como católicos e evangélicos apoiaram o regime militar, por silêncio e omissão ou por ações explícitas. Além de Geisel, outros evangélicos ocuparam cargos de destaque, entre eles os governadores presbiterianos Geremias Fontes, no Rio de Janeiro, e Eraldo Gueiros Leite, em Pernambuco. E o jurista presbiteriano Nehemias Gueiros, redator do Ato Institucional número 2, de 1965.

Evangélicos figuraram entre os colaboradores de órgãos de repressão, militares torturadores e agentes civis (sete, conforme o relatório da Comissão da Verdade). E foram inúmeros os líderes apoiadores, como doutrinadores políticos em suas congregações religiosas e/ou como delatores de “subversivos”, várias “irmãos da igreja”.

A repressão interna nas igrejas evangélicas, em apoio ideológico ao regime, foi muito violenta, com perseguição a pastores e líderes leigos, fechamento de seminários teológicos e intervenções em instituições educacionais confessionais.

Isto revela um outro retrato de evangélicos no período da ditadura: aqueles que, das várias igrejas, eram comprometidos com uma base bíblica, teológica e testemunhavam sua fé e se colocavam contra o regime de exceção. O governo militar os considerou inimigos da segurança nacional, daí as muitas prisões arbitrárias (25), torturas (18), expulsões e banimentos (14), que levaram ao desaparecimento forçado (5) e à morte (2).

O relatório da comissão deixa claro que dois anos e meio não foram suficientes para todos os levantamentos necessários. A descoberta do documento da CIA confirma. Há muita coisa silenciada e escondida que ainda vai ser revelada.

Temos um passado mal resolvido, que deixou marcas e feridas abertas não cicatrizadas. Um passado que não foi construído com verdade e com justiça cria estas marcas. É preciso buscar a verdade e fazer a justiça fluir como um rio, como diz, na Bíblia, o profeta Amós:

“[Deus diz:] sei quantas são as suas transgressões e quão grandes são os seus pecados. Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais. (...) Odeiem o mal, amem o bem; estabeleçam a justiça nos tribunais. (...) Corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene".

A ditadura foi silenciada, mal contada e está incorporada: ainda existe nas instituições e em suas práticas. Por isso o autoritarismo ainda é realidade. Por isso a tortura permanece como prática em delegacias, em quartéis, em prisões. Por isso as execuções sumárias prevalecem. Por isso ainda precisamos perguntar “Onde está o Amarildo?” ou “Quem matou Marielle?”

Por consequência, a memória nunca deve ser vista apenas como revisão ou recuperação do passado. Ela precisa ser vista também como utopia. É o olhar para o passado como algo que alimenta o presente e projeta um futuro de paz e justiça.".

Veja a lista de algumas igrejas que se fortaleceram na época do regime militar: 

-Assembleia de Deus;
-Igreja Universal do Reino de Deus;
-Movimentos neo-pentecostais à imagem dos que existiam nos Estados Unidos. 

Estas igrejas mantiveram o discurso antipetista depois do fim do regime. Talvez pelo medo da popularização do Ensino e a relativização dos governos autoritários, algo que é muito comum nestas igrejas. Ademais, sempre rejeitaram a possibilidade de discutir assuntos como: combate ao racismo (quantos negros ocupam cargos de presidência nas igrejas - reparem as grandes convenções evangélicas e as grandes igrejas), novos padrões familiares, diversidade, aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, controle de natalidade, feminismo (isso poderia fortalecer grupos que defendem o exercício de liderança por mulheres, algo considerado pela maioria dos cristãos como inconcebível).

Saturday, September 29, 2018

Dons Espirituais


"Os dons espirituais não são nossos talentos ou habilidades humanas. Eles são a graça de Deus em ação dentro de nós, capacitando-nos para combinar nossas paixões profundas pelo Reino de Deus com as necessidades da humanidade". 


Texto por Marvel Souza (Pastor da Comunidade Cristã IPEG)

Cada filho de Deus é preenchido com o poder do Espírito Santo, que os capacita para desempenhar o papel especial de edificar o corpo de Cristo. Todos podem ser usados pelo Espírito Santo com um dom e um propósito.

Os dons espirituais não são nossos talentos ou habilidades humanas. Eles são a graça de Deus em ação dentro de nós, capacitando-nos para combinar nossas paixões profundas pelo Reino de Deus com as necessidades da humanidade. Os dons têm por finalidade a edificação, o fortalecimento da nossa comunidade de fé e atender as necessidades daqueles que nos rodeiam.

Então, descubra seus dons e fale sobre eles com sua comunidade de fé. Esforce-se para entendê-los e descubra como você pode usá-los para servir a Deus, ao próximo e ao mundo. 

Leia as seguintes referencias bíblicas:
  • 1Coríntios 12:1-11
  • Romanos 12:3-8
  • Efésios 4:7-16

Confira também a lista dos vinte dons:

  1. Ensino
  2. Evangelismo
  3. Administração
  4. Liderança
  5. Contribuição
  6. Sabedoria
  7. Profecia
  8. Servir
  9. Cura
  10. Discernimento
  11. Compaixão
  12. Pastoreio
  13. Milagres (sinais e maravilhas)
  14. Exortação
  15. Línguas
  16. Interpretação de línguas
  17. Apostolado
  18. Ajuda (auxílio, socorro)
  19. Conhecimento


Descubra qual é o dom com o qual o Espírito Santo quer te usar, converse com seu líder espiritual, peça orientação e ore pedindo a Deus para ser usado em sua obra. 

Thursday, September 20, 2018

Teólogos Contemporâneos



1) Karl Barth.

Nasceu em 1886, em Basel, na Suíça. Era um teólogo reformado, porém também era pastor. Em 1911 pastoreou em Safenwyl. Em 1921 foi professor de teologia reformada em Goettingen, em 1925 foi professor em Muenster-in-Westphalia e em 1930 foi professor em Bonn. Em 1935 os nazistas o exilaram, e então ele foi professor em Basel até 1968, ano de seu falecimento.

Ele foi aluno de Harnack, e foi influenciado pelo neokantianismo e por Kierkegaard e também pelo socialismo de Ragaz e Kutter. Quando a teologia liberal estava no auge, ele se rebelou contra seus professores e em 1919 escreveu seu comentário sobre o livro de Romanos, onde praticamente começou a surgir uma nova ortodoxia. Teve influência do reformador Calvino, principalmente por volta de 1925. Enfatizava a teologia bíblica, porém com conclusões racionais. Era um homem de caráter forte e de propósitos e entrou em conflito contra a igreja do estado nazista. Muitos acham que Karl Barth era liberal, mas na realidade ele não gostava do liberalismo religioso e até se manifestava contra. Ele tinha o desejo de retornar a teologia à bíblia e aos princípios reformados. Enfatizou a transcendência de Deus e a realidade do pecado, como também a soberania de Deus, a graça e a revelação. Reconhecia que as escrituras têm imperfeições, mas que a bíblia é a fonte da revelação de Deus como também veículo. Rejeitava o misticismo cristão, e dizia que os liberais falharam, sendo a solução para o mundo o retorno aos antigos princípios religiosos. Barth foi treinado no liberalismo alemão, talvez isso fez ele desapontar com o nazismo. Ele foi um grande expoente da teologia da crise, pregando que a Palavra de Deus é o registro da revelação do Transcendente. Sua teologia propriamente dita é interessante, pois ele achava que as idéias humanas sobre Deus eram meras especulações. A verdade se manifesta pela graça e não pela razão como era defendido por muitos na época. Dizia que a religião têm tendências idólatras, ou seja, revelação era diferente de religião. As experiências místicas devem ser apoiadas nas escrituras e na tradição cristã. O ponto de partido da teologia de Barth era Deus e não o homem, sendo assim aceitava a cristologia clássica e o dogma da trindade, ou seja, suas análises teológicas partia de cima, da trindade, da revelação, da graça, e não das necessidades do homem. Suas principais obras foram: Epistle to the Romans,1919; Word of God and Word of Man, 1928; Anselm, 1931; Church Dogmatics, 4 volumes, 1923-1935; Credo,1935; Dogmatics in Outiline,1947; Evangelical Theology, an Introduction,1962.

2) Emil Brunner.

Nasceu em 1899 e morreu em 1966. Foi um teólogo protestante suíço, sendo que sua formação acadêmica foi em Berlim e Zurique. Foi professor também em Zurique. Brunner não se encaixava no liberalismo protestante e também não se encaixava totalmente na neo-ortodoxia e teologia da crise, ficando assim num estágio “transitório” entre as duas correntes. Defendia que o livre arbítrio é uma verdade soteriológica, porém não é o homem que provê a si próprio a salvação, ou seja, a salvação é dada por Deus, mas o homem possui características naturais para corresponder a Deus, isso em nível soteriológico. Ele, assim como Barth, rejeitou o misticismo cristão, porém afirmava que a razão não pode solucionar todos os problemas da vida, idéia que vai(bate) de encontro a muitos filósofos racionalistas. Afirmava também que há no mundo muitos mistérios e que a teologia não têm o poder de resolver todas as questões, por isso ela possui tantas contradições e seria presunção dela querer resolver esses mistérios. Abordou algo importante para a sociologia ao dizer que a política e a tecnologia podem despersonalizar o homem, e é nesse ponto que entra a teologia, pregando que a revelação cristã visa o homem. Brunner afirmava que a revelação não é proposicional, ou seja, a bíblia é simplesmente o registro da revelação de Deus aos homens e não foi ditado por Deus no processo de escrituração. Brunner era um homem que não discutia tópicos que diziam respeito a milagres ou nascimento virginal, mas seu conceito de espiritualidade era mais em nível de práxis e não de experiências místicas. Sua teologia era formada tendo Cristo como centro de qualquer idéia, assim sendo opôs-se ao intelectualismo teológico. A ética era um assunto a ser vivido no cotidiano, ou seja, combinava a crítica de Kant com o realismo do luteranismo. Apoiou idéias de filósofos como Ebner e Buber que enfatizavam a relação entre o homem e Deus. Apesar de defender o livre arbítrio indiretamente , dizia que o homem é pecador e sempre se revoltará contra Deus, porém se o homem reagir a essa revolta, ele terá o auxílio do Espírito Santo que o tornará uma “nova criatura”. Um dos pontos mais interessante de sua teologia é que ele ensinava que à vontade de Deus se manifesta através da família, do trabalho, da igreja, da cultura, do estado…, sendo assim o relacionamento com a sociedade nos ajuda a identificar como a vontade de Deus opera. Suas obras foram: The Symbolical in Religious Knowledge; The Mystic and The Word; The Fhilosophy of Religion of Evangelical Theology; The Mediator; The Divine Imperative; Man in Revolt; Chritianity and Civilization.

3) Rudolf Bultmann.

Nasceu em 1884 em Wiefelsted e faleceu em 1976. Teólogo protestante alemão, estudou em Marburgo, Tubingen e Berlim. Foi professor em Marburgo. Foi influenciado pelo existencialista Heidegger, por isso Butmann tornou-se um teólogo existencialista. Questões como o nascimento virginal de Cristo, os milagres do Novo Testamento, a ressurreição e a ascensão de Cristo, a existência de demônios, anjos, etc… , Butmann eliminava de sua teologia pelo o processo de demitização, pois achava que muitos dos relatos neotestamentários são frutos da imaginação do homem ou de elementos mitológicos presentes na cultura. Ele dizia que a bíblia fora escrito em linguagem mitológica, que é absoleta para os nossos dias. O teólogo moderno tem então a tarefa de demitizar a bíblia despindo-a de seus trajes lendários, mitológicos e tentando descobrir as verdades existenciais que se encontram nos textos. As pessoas só podem encontrar a mensagem do amor de Cristo mediante a demitização da bíblia. A bíblia em si mesma não é revelação, mas uma expressão primitiva pelo qual Deus se revela pessoalmente, mas não se esquecendo que antes temos que demitizá-la corretamente. Como já disse, Bultmann era existencialista, e um vocábulo bem usado neste meio era “angst”. Angst significa “angústia”, e era usada para descrever a situação básica do homem, ou seja, os existencialistas diziam que devido às situações trágicas que os homens enfrentam nesta vida, todos têm um sentimento de pavor e angústia dentro de si, porém o homem, ou melhor, a existência humana é boa e otimista; o existencialismo acaba entrando no campo do humanismo e às vezes até no ateísmo, como aconteceu com Sartre. Bultmann usa a teologia no meio existencialista, porém ensinando que o khrugma(proclamação do evangelho) como sendo o meio de levar salvação aos homens, deve ser reinterpretada segundo a ótica existencialista, levando em conta a liberdade do homem e sua angústia. O khrugma seria determinadas idéias fundamentais religiosas e morais, seria uma ética idealista. Em se tratando de ética, ele explicava que o homem pode ser dominado por questões carnais, isso gera uma angústia que oprime o homem e o torna escravo, ou seja, nesse ponto ele é totalmente existencialista. Apesar dessas idéias existencialistas, Bultmann afirmava que Deus falou ao mundo através de Cristo e continua falando até hoje. A fé também em certo sentido foi defendida por esse teólogo ao dizer que a fé liberta os indivíduos do passado, trazendo liberdade para viver um bom futuro. O amor também teve espaço em sua teologia como sendo o imperativo fundamental de toda ética. Dizia que o homem precisa ter fé no espírito do evangelho cristão e não precisa de base histórica. Seus escritos foram: Jesus and the Word; Belief and Understanding; Theology of the New Testament; The Question of Demythologizing; History and Eschatology; Jesus Christ and Mytology.

4) Paul Tillich.

Suas datas foram de 1886-1965. Nasceu na Alemanha, mas viveu boa parte de sua vida nos Estados Unidos, onde foi professor no Seminário Teológico União, em Harvard e na Universidade de Chicago. Foi um teólogo-filófoso e representante do existencialismo religioso. Tillich abordava questões humanas com a teologia e as correlacionava até com a economia, as ciências e outros campos de estudo. Usava também a história para construir teologia. Ensinava que a teologia deve unir-se ao empreendimento humano, pois isso a completa e a livra de erros já cometidos na história. É portanto necessário que a teologia correlacione com a política, a ciência, a sociologia, a ética, a antropologia e etc. . Devido sua visão existencialista, dizia que a teologia sistemática deve ter também caráter apologético, analisando a situação do homem em geral, trazendo uma aplicação do evangelho. Usava muita linguagem simbólica, pois cria que o símbolo pode ter mais resultado que a mensagem direta. Os símbolos apontam para a realidade, mas a realidade não resolve os mistérios da vida. Nossos conhecimentos são sempre fragmentados e nunca trará a nós uma resposta de todos os mistérios da vida. Questões como ”céu e inferno” não podem ser literalmente interpretados, pois essas questões apontam para uma realidade mais concreta. Para Tillich, fé é a coragem de existir, essa é uma definição bem existencialista, e redenção é o homem ser um novo ser. A explicação tillichiana de Deus está no campo do existencialismo, pois afirma que Deus é o ser em si mesmo, sendo a resposta para o homem e para a história. Deus também, ao ser o ser em si mesmo, ele passa a ser o fundamento infinito e inesgotável da história. O homem vive alienado, sendo o pecado uma alienação, e sendo a resposta ou solução para essa alienação existencial o Novo Ser em Cristo. Esse teólogo não via a filosofia como inimiga da teologia, pelo contrário, Tillich não é somente um teólogo ou filósofo, mas é um teólogo-filósofo, isso é claramente percebido em suas obras; em seu livro intitulado “Perspectivas Da Teologia Protestante Nos Séculos XIX e XX”, o casamento entre o discurso teológico e a visão filosófica faz dessa obra um livro rico em conhecimento e que aguça no leitor um desejo de conhecer mais. Apesar de Tillich falar muito sobre os símbolos e as linguagens antropomórficas, ele também dizia sobre a morte dos símbolos, ou seja, de acordo que nosso conhecimento cresce e amplia, os símbolos vão perdendo força e a realidade se aproxima mais de nossas concepções. Tillich era um pouco cético em relação às definições de Deus, pois cria que o homem nunca terá a definição verdadeira de Deus, o máximo que pode acontecer é termos uma definição expansiva, mas não completa. Suas obras principais foram: The courage to be, The protestant era, Dynamics of faith, A history of Christian thought, Perspectives on 19th and 20th century protestant theology, Systematic theology

5) Dietrich Bonhoeffer.

Nasceu em 1906 e morreu novo, em 1945 num campo de concentração, isso porque se opunha a Hitler ativamente, até o chamou de anticristo. Enquanto vivia era desconhecido, mas após sua morte ficou conhecido por suas idéias sobre discipulado onde escreveu um livro chamado ”O Custo do Discipulado” onde ele mostra princípios morais e espirituais para o cristão; enfatizava também a disciplina dos crentes. Levava uma vida dedicada e piedosa, e claro com disciplina, combatendo a vida vivida sobre o âmbito do sagrado e do profano ao mesmo tempo, ou seja, ele percebia que em nossa vida devemos viver o que é sagrado. Pelo visto, a vida cristã de Bonhoeffer era vivida com piedade e práxis, por isso se opôs a Hitler. Esse teólogo via Deus como uma realidade única e que essa realidade opera em nós. Bonhoeffer enfatizava o evento histórico da revelação de Jesus Cristo, ou seja, ele via Deus atuando na história, indo contra idéias filosóficas e ateístas da época. Sua idéia sobre a filosofia não era muito concreta, pois por um lado asseverava que a filosofia coopera com o homem ajudando-o a obter a autonomia sobre si mesmo e sobre o mundo, mas por outro lado achava melhor o crente deixar as idéias filosóficas de lado, inclusive o que está inserido na ética e na ontologia. Apesar de ter vivido pouquíssimo tempo, Bonhoeffer escreveu algumas obras, que foram: The Communion of Saints; Act and Being; The Cost of Discipleship; Ethics; Resistance and Submission.

6) Reinhold Niebuhr.

Nasceu em Wright City, no Missouri (USA), 1892. Estudou no Elmhurst College, no Seminário Teológico Éden e na Escola de Divindade de Yale. Foi um destacado pastor e trabalhou na faculdade do Seminário Teológico União. Morreu em 1971. Ficou conhecido por ser envolvente nas questões públicas e por seu pensamento sobre a ética e apologética. Ensinava o pecado original e a posição caída do homem, fazendo parte da escola da neo-ortodoxia. Dizia que apesar do homem estar caído, ele é responsável pelos seus atos, ou seja, o homem é livre. Não era fascinado pela história como Tillich, cria que os conflitos vividos pelo homem vão além do processo histórico, é claro que sua crença na queda do homem e do pecado original, influencia diretamente esse pensamento pendente para a ortodoxia. Sabemos que foi no século XX que a pneumatologia começou a se desenvolver com mais intensidade, porém Niebuhr não salientou o estudo do Espírito Santo, mas na cristologia ele referia-se a Cristo como a “chave” do mistério da existência humana, o “símbolo” do amor eterno. Com apoio em seu pensamento ético ele rejeitou o liberalismo religioso. Gostava dos escritos agostinianos sobre a natureza humana, mas negava a doutrina da total depravação do homem, ou seja, ele rejeitava a concepção calvinista de depravação total, porém não negava a trágica posição do ser humano. Esse teólogo via a verdade apresentada na bíblia, e não a encarava como elemento metafísico. Certa época de sua vida apoiou o marxismo e o pacifismo, mas depois rejeitou essas idéias justamente devido à visão amartiológica marxista, isto é, falta ao marxismo uma compreensão sobre a pecaminosidade do homem, e automaticamente um importante ponto da questão de como o homem pode ser aprimorado. Na política ele reconhecia as irracionalidades do homem, mas buscava meios de dar racionalidade e direção a ele. As mudanças institucionais eram mais importantes do que as mudanças no coração do homem. Niebuhr achava o capitalismo adequado para o meio político, sendo que este sistema pode trazer boas modificações para sociedade. Seus escritos foram: Moral Man and Immortal Society; An Interpretation of Christian Ethics; Beyond Tragedy; Christianity and Power Politics; The Nature and Destiny of Man; The Children of Light and The Children of Darkness; Christian Realism and Political Problems; Pious and Secular America.

Essas personalidades foram os principais teólogos contemporâneos, mas teve inúmeros outros como: Oscar Cullman, Serghiei Bugakov, Ghiorghiou Florovsky, Wladimir Lossky, Henri de Lubac, Von BalthasarJurgen Moltmann…, esse último é conhecido devido à “teologia da esperança

Wednesday, August 15, 2018

Escritores Bíblicos



Escritores Bíblicos

Novo Testamento 27 Livros (13 Livros foram escritos por Paulo de Tarso).

Livro
Autor de acordo com
a teoria tradicional
Autor de acordo com
algumas escolas modernas
Um autor anônimo
Um autor desconhecido, como a maioria dos autores cristãos
Um autor anônimo
Um autor anônimo
O autor de Lucas
Paulo de Tarso ou ditados orais de Paulo
Paulo com coautoria de Timóteo
Um autor desconhecido, mas certamente não foi Paulo
Um escritor do primeiro século, depois da morte de Tiago, o Justo
Um autor, talvez Silas, escrevendo em grego
Certamente não foi Pedro
Um autor desconhecido.
Um autor desconhecido.
Um autor desconhecido.
Judas, o apóstolo, ou Judas, irmão de Jesus
O pseudônimo de um escritor, entre o fim do primeiro século e o primeiro quarto do segundo século.
João, o apóstolo


Os escritores do Novo Testamento, assim como os do Antigo Testamento, foram inspirados pelo Espírito Santo (O termo em grego que define a inspiração bíblica é “Pneumos” (sopro)). No entanto, essa afirmação não indica que todas as produções bíblicas são 100% individuais, como se apenas os escritores tivessem sido incumbidos da responsabilidade de produzir, desconsiderando assim a participação de outros elementos determinantes para a composição dos escritos sagrados. À exemplo disso estão os elementos culturais, humanos, linguísticos e históricos.

Alinhado à isso, encontramos no Novo Testamento as primeiras comunidades de fé, que se formaram a partir dos ensinos de Jesus e dos apóstolos. Estas comunidades influenciaram diretamente a composição dos primeiros escritos que passariam a regulamentar a vida e a prática cristã. Isso fica claro quando elencamos os seguintes pontos:

Ø  Objetivo de cada livro;
Ø  O público alvo;
Ø  Estilo de escrita;
Ø  Conhecimento de causa;
Ø  Idioma empregado;
Ø  Aspectos culturais;
Ø  Aspectos relacionais (Relacionamento do escritor com o público).

Em se tratando dos Evangelhos Sinóticos, considera-se a influência determinante das comunidades que cercavam os seus escritores – a saber: a Comunidade Mateana, Marcana e Lucana. Cada uma destas comunidades contribuiu narrando fatos da vida e da obra de Jesus, bem como influenciou diretamente a escolha do idioma, do estilo de escrita e da escolha do conteúdo, já que os Evangelhos narram apenas os fatos mais importantes da vida e do ministério de Jesus.  

Para a construção do conhecimento sobre as Comunidades Evangélicas que cercavam os autores dos Evangelhos, leia o seguinte artigo: https://drive.google.com/open?id=0BzwoatGF2XjlLVZzbnBobE1INzFzZGxiUHNqUnF6T3ZLRGow

Texto por Marvel Souza


Tuesday, August 14, 2018

Genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus e no Evangelho de Lucas


Texto por Marvel Souza

O Evangelho de Mateus apresenta a genealogia descendente de Jesus, destacando sua linhagem real. Por outro lado, o Evangelho de Lucas elenca a genealogia ascendente de Jesus, ressaltando sua linhagem natural (para ser considerado Judeu era necessário ser gerado no ventre de uma judia) e sua linhagem sacerdotal (Maria era integrante de uma família de sacerdotes).



No Evangelho de Mateus, José é descrito como filho de Jacó. No Evangelho de Lucas, como filho de Eli. Isso porque os escritores escreveram com finalidades diferentes, respaldados em leis e costumes da época. Eli, na verdade, era o pai de Maria, porém, segundo os costumes judeus e de muitas outras culturas da época, o genro integrava a genealogia da família da esposa como filho do sogro (a razão disso pode estar na crença de que o homem carregava consigo as sementes da vida, que garantiriam a perpetuação da linhagem familiar).


Wednesday, August 1, 2018

Batismo Cristão

Pastor Marvel Souza (Pastor presidente da Comunidade Cristã IPEG)

Brasília 2 de agosto de 2018
Carta Pastoral sobre o Batismo praticado pela Comunidade Cristã IPEG
Aos membros, congregados e simpatizantes,
 ORDENANÇAS - DEFINIÇÕES
O batismo cristão não deve ser considerado como sacramento de acordo com o que é ensinado pela Igreja Católica. De acordo com os ensinos de Jesus, o batismo é uma ordenança; a saber, a primeira ordenança das duas ensinadas – Batismo e Ceia do Senhor.
          Batismo:“Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos". (Mt 28:18-20)
        O Batismo deve ser um momento de alegria no Céu, um ato solene, festivo e de grande importância para a vida do candidato ao batismo.
O significado do batismo é morte, sepultamento e ressurreição. Ao sermos batizados, professamos que Jesus padeceu na cruz por nossos pecados para que nós morrêssemos para o pecado. Portanto, a finalidade do batismo é dar testemunho público da fé e salvação em Jesus Cristo.
              EXEMPLO DE BATISMO
O batismo de Jesus é o modelo do batismo que deve ser exercido pela igreja cristã: “Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão para ser batizado por João”.(Mt 3:13)  . Jesus tem o seu ministério evangelístico iniciado com um ato de humildade que representa novo nascimento, apesar de ele mesmo não precisar de novo nascimento por ser Santo. Tal ato marca a saída de uma vida de silêncio ministerial para uma vida pública. Da mesma maneira o Batismo praticado pela igreja deve levar em consideração a transição de um ponto a outro da vida do homem. Porém, apenas como uma representação.
Jesus foi batizado por João que era chamado de "Batista" ou o "batizador ou emergidor" por causa do batismo que Deus lhe mandara realizar – Batismo de arrependimento: “Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados”. (Mc 1:4) – batismo de caráter temporário, pois visava preparar o povo para receber Jesus, fazendo a transição da lei e profetas do Antigo Testamento, para o Evangelho da graça no Novo Testamento. O batismo cristão destina se a pessoas que já se arrependeram e são salvas. 

            BATISMO POR IMERSÃO
A palavra batismo transliterada do grego “baptizo” significa imergir ou mergulhar. Sempre que a Bíblia se refere ao batismo, a palavra usada é “baptizo”. Em Romanos. 6:3-8 alguns símbolos reforçam o ensino sobre o batismo por imersão, como: "sepultados pelo batismo", "plantados à semelhança da sua morte pelo batismo", etc..
“De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele? Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte? Portanto, fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; pois quem morreu foi justificado do pecado. Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos”. (Rm 6: 3-8)
O batismo de Jesus e do eunuco é um exemplo de batismo por imersão (Mat. 3:16;  Atos 8:38-39), através das expressões: “desceram à água” e “saíram da água”.
“Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento, o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele”. (Mt 3:16)
“Assim, deu ordem para parar a carruagem. Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe repentinamente. O eunuco não o viu mais e, cheio de alegria, seguiu o seu caminho”. (At 8:38-39)
           AUTORIDADE DO BATISMO
Em Mateus 28:18-20 Jesus determinou o batismo em nome da Trindade – a fórmula bíblica correta para o batismo é em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu ordenei a vocês. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos". (Mt 28: 18-20)
   
              O BATIZANDO
O livro de Atos trás uma pergunta quanto a condição para o batismo:
“Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco disse: "Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado?"
Disse Filipe: "Você pode, se crê de todo o coração". O eunuco respondeu: "Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus". (At 8:36-38)
O batismo é permitido a todo o que crê. Em Marcos 16:16 Jesus diz: "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado". Acredita-se ser esta a interpretação do texto: a palavra “crer” em grego possui um significado amplo, abrangendo também a salvação de todos os males desta vida. Portanto, se consideramos o batismo como ordenança de Jesus, todos os que creem devem ser batizados.
No entanto, não devemos nos esquecer que batismo não salva e nem lava pecados de ninguém.
Faça a comparação entre, João 3:16-18; Rom. 3:20 e 28; Ef. 2:8-9. Nestes textos encontramos a fé que é necessária para o batismo, considerando que o batismo só deve ser ministrado a quem já se converteu a Jesus; quem tenha experimentado arrependimento sincero de pecados, tenha crido pela fé em Cristo, tenha certeza do perdão e da salvação.
A Bíblia nos trás vários exemplos. Todos que criam, e eram salvos, eram logo batizados (Atos 2:38 e 41; 8:12 e 16; 8:36-38; 9:18, etc.). O batismo em águas nada tem a ver com o batismo no Espírito Santo.
Obs. O batismo representa novo nascimento, porém não o produz.     
   
        RESPONSABILIDADES DE QUEM QUER SER BATIZADO
Leitura da Bíblia e meditação nos textos sagrados

A prática da oração

A freqüência aos cultos

A colaboração com ofertas e dízimos

Desejar ardentemente o Batismo no Espírito Santo

Ter uma vida de bom testemunho dentro e fora da igreja – Portar-se com modéstia (Vestes, cabelo, linguajar, relacionamentos) – Honrar com os compromissos sociais, familiares e religiosos

Ser esposo/a de uma só pessoa, em ato de fidelidade

Deixar a liderança da igreja a par de situações que possam impedir a comunhão com o corpo de Cristo

Falar de Cristo para outras pessoas

Honrar os líderes da igreja, orando sempre para que eles possam ter graça e discernimento para lidar com as ovelhas de Jesus

Crer ardentemente no arrebatamento da igreja e na ressurreição dos que morreram em cristo – crer na vida eterna com Deus.

Crer na ressurreição para a morte eterna

Crer na Trindade Santa – Sendo Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito, compartilhando uma mesma substância; a saber, a Soberania Divina.

Conseguir, de forma simples, mas correta, expressar as doutrinas fundamentais da fé cristã (Estão em anexo nesta apostila)

Ter os dez mandamentos como padrão bíblico para agradar a Deus

OS DIREITOS DE UM BATIZADO
Como membro você tem direito de votar e ser votado para cargos ou funções nas assembléias da Igreja

Participar das discussões e dar opiniões

Participar da Ceia do Senhor

Tem o direito a acompanhamento e aconselhamento por parte da liderança da igreja, quando necessário

Tem o direito de ser ajudado com cesta básica, quando necessário for

Tem o direito de ser visitado quando doente

Tem o direito de ter auxílio em oração e visita de alguém da liderança em situação de morte e casamento – Ter a realização de cerimônias de casamento e funeral

Bible Study Recap – September 17, 2025

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